25 de Junho de 2009

Há pouco tempo conheci o Sandro. Tinha - e continua obviamente a ter - 11 anos. Desde os 4 que soube que queria ser actor. Quando cheguei perto dele, abraçou-me, sem sequer me conhecer. Disse-me "olá" num tom de voz quase angelical. Percebi nele um miúdo envergonhado e sensível, mas ainda assim forte e decidido. Senti que tinha tudo para dar certo e que, no futuro, servirá de exemplo a muitos. Naquele instante, soube que era esse um dos desafios da sua (ainda) curta vida.

Sandro é uma das 22 crianças que habita na Associação Social e que tem como mãe, ou melhor, tia, Teresa d'Almeida, a quem, daqui, longe dos olhares críticos dos leitores, mando um abraço e elogio o trabalho. Admiro-a por permitir dar continuidade a vidas que, inevitavelmente, pelo contexto de desequilíbrio em que se inseriam, acabariam por se perder. Agradeço-lhe, como cidadã portuguesa que sou, por isso. 

Foi bom conhecer o Sandro. Aliás, corrijo: foi simplesmente fantástico. Devo dizer-te, Sandro, que no dia em que nos encontrámos estava um tanto ou quanto desanimada (às vezes, temos dias assim...) e tu fizeste-me perceber o quanto vale a pena. Admiro, muito, a tua convicção e através de ti pude reavaliar a importância dos sonhos nas nossas vidas. Demonstraste-me (não que já não o soubesse, mas permitiste que confirmasse acertadamente as minhas convicções) que é possível chegar longe e concretizar os nossos desejos sem que, para isso, seja necessário atropelar alguém. Por si só, a persistência, quando a há, e a vontade, quando muita, são suficientes. Foram no teu caso, sê-lo-ão em muitos mais, basta que consigamos encontrar a força que tu, um menino que à partida se poderia pensar frágil, encontraste e desenvolveste. No futuro, tenho a certeza que muitos, como eu, aprenderão contigo. No entanto, faço-te apenas um pedido: mantém-te sensível e genuíno, tal como és, porque é isso que  fará de ti um homem especial e sabedor, permitindo-te chegar perto das pessoas. No fundo, compreendê-las, como um dia alguém também te compreendeu a ti. Porque o pior de chegar ao cimo é precisamente esquecer o caminho que até lá fomos obrigados a percorrer. Não deixes que aconteça contigo. Nunca te esqueças das tuas origens porque são elas que te permitem ser a criança que és, o rapaz em que te transformas e o homem que permanecerás. 

 

Um beijo de boa sorte e... as mais sinceras felicidades...

 

     

publicado por Inês Alves às 22:43
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