Dizias no último mail que me mandaste que nada voltará a ser igual porque quero crescer com outras pessoas. Escreveste: "Os relacionamentos duram um certo tempo. Pertencem a um período do nosso passado ou presente. Somos felizes numa determinada época com uma determinada pessoa, mas não podemos forçar as coisas acontecerem quando elas, por si só, começam a perder importância". Adoro-te por seres quem és e me compreenderes dessa maneira. Não sei se poderei dar-te razão, mas tenho pena por estares tão longe e não me poder entregar contigo ao prazer de devorar um gelado na Haagen-Dazs do Chiado, enquanto falamos de tudo, como sempre falámos.
Gostava de saber mais de ti. Queria poder sair à rua e estar na Oxford Street contigo, entrar naquele café onde estivemos todas as noites e sentar-me para beber um cappuccino. Ou vários. Falar da vida. Dizer-te o quanto sinto a falta dos teus conselhos. Ao vivo, não os que, delicadamente, com a tua paciência e generosidade, me envias por mail. Porque há coisas que, apesar de eternas, devem ser vividas no presente, e a nossa amizade é uma delas.
Será que já encontraste a tal? Tenho saudades tuas. Saudades de ouvir-te chamar-me à razão e eu a ti. Bem sei que sou muito mais realista que tu, mas por vezes também sonho. E iludo-me tanto, não sabes o quanto...! Crio fantasias na minha cabeça como tu crias os teus sonhos. O ritmo é o mesmo, só o contexto muda. E formam-se teias por perceber que nada faz sentido e está tudo errado. Não é possível. Será que existe algo verdadeiramente impossível na vida? Cheguei a pensar que não. Hoje, tenho quase a certeza que sim. Pensei que por desejar muito uma coisa ela se fosse concretizar. Tem acontecido, mas nunca no tempo certo, nunca dentro do timming. E como ele é importante!
Vá lá, conta-me novidades. Faz-me acreditar que ainda é possível, apesar de tudo. Leva-me para qualquer sítio onde possamos, por instantes, esquecer as nossas vidas (tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão iguais). Diz-me que vou conseguir porque quero. E dá-me a mão porque, hoje, não me apetece estar sozinha...