22 de Março de 2009

No dia em que vos fui buscar à estação, percebi quão bom e grandioso pode ser o ser humano. Estive quase uma hora no carro à vossa espera. Liguei para todos aqueles que consegui ligar só para passar o tempo e observei algo que me enterneceu. Nessa altura, tive a certeza que é com pequenos gestos que podemos mudar o mundo. E senão o mundo na sua totalidade, pelo menos o de cada um de nós que, na verdade, é tão grande para uma pessoa só.

Vi um cão, tão magro que me deu dó, receber festas de um dos seguranças da estação. Fiquei feliz. Percebi que não era a primeira vez que acontecia. Provavelmente, existia entre aqueles dois seres mais amizade do que entre muitas pessoas que se dizem amigas. O cão cheirava-lhe as mãos (que seguravam uma sandes), saltava-lhe para o peito e homem ia-lhe fazendo festas e brincando com ele. Continuava magro, mas a magreza nesse instante tornou-se para mim menos escandalosa, quase como se a ternura a que assisti pudesse pôr fim à imagem de completo abandono. E foi como tirar uma fotografia, que guardei comigo. Percebi que ainda há quem compreenda a importância dos pequenos gestos. Tive a sensação que ainda existe quem sinta necessidade de proteger os mais fracos, aqueles que não sabem como defender-se, ao invés de procurar derrubá-los ou, pior, fingir que não existem. Magoá-los como se de objectos se tratassem, feri-los com a indiferença. Ainda há quem perceba que vale a pena ajudar, porque cada pequena ajuda pode, de facto, ser muito grande para aqueles que ajudamos. 

 

publicado por Inês Alves às 17:59
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