18 de Março de 2009

Decidi criar este blog por um único motivo: ultimamente, as emoções querem saltar-me pela boca e eu não sei como controlá-las senão assim, escrevendo. Tento enfrentar a vida de cabeça erguida, mas tenho tantas dúvidas... Hoje, se não pensar no futuro e viver um dia de cada vez - algo que, aos poucos, vou aprendendo a fazer - posso dizer que tudo corre relativamente bem na minha vida. No entanto, tenho a sensação de que há algo que, lentamente, se vai quebrando. Qualquer coisa que falta e que, a existir ainda, deixou de fazer sentido. Perdeu-se algures no tempo. No que foi, não no que virá. E o mais triste é que não sei explicar exactamente porquê.  

Penso muitas vezes no que me disse, um dia, uma voz conhecida da RFM: "Às vezes, é preciso saber parar para depois recomeçar ainda com mais força". Quando me disse isto, não sabia (ou talvez soubesse) o quanto estava certo... Tenho tido vários momentos desses na minha vida, mas creio nunca ter efectivamente parado. Em todos eles, consegui sempre momentos de reflexão que me conduziram a uma paz interior fantástica. Em quase todos me obriguei a sair e a percorrer as praias sozinha. Muitas vezes me sentei num banco de jardim a ouvir um pássaro cantar ou o simples bater das folhas das árvores quando o vento, num misto de fúria e meiguice, as acariciava.  Tantas vezes estive sozinha comigo e todos esses momentos foram para mim eternos. Hoje, gravo-os na memória quase como se de pequenos renascimentos meus se tratassem. E o engraçado foi que precisei deles. Tenho a certeza que todos nós precisamos um dia.

Agora, cá estou eu, em mais um momento a sós, fazendo quase uma retrospectiva do que tem sido e é a minha vida. Tenho pena por nós, mas a verdade é que não consigo deixar de ser livre. E sinto a liberdade quase como um desejo abrupto de percorrer Km e de viver intensamente, ainda que devagar, com calma, lento o suficiente para não esquecer o cheiro, o sabor, a melodia do tempo presente, que inevitavelmente será passado no instante seguinte. Sinto a tua falta, ainda assim. Tenho a certeza que existe um espaço teu, para sempre, aqui. Tenho a certeza que seremos nós durante muito tempo. Talvez para sempre. Mas porquê ficar, quando queremos partir? Porquê dizer sim quando nos apetece dizer não? Recordo as palavras de uma amiga minha, numa conversa que tivemos há bem pouco tempo: "Nós vamos e voltamos e eles estão sempre lá". É verdade. No entanto, não lhe peço que esteja. Não sei se volto. Preciso sentir as coisas. Quero acordar de manhã e ter a certeza de que o dia que começa será bem melhor que o anterior pelo simples facto de que desconheço o que está para vir. Na vida, cada segundo importa. Cada cara com que nos cruzamos tem um significado e cada palavra que trocamos um sentido. Nada acontece por acaso. As oportunidades existem, estão lá. A vida lança-nos a escada diariamente e nós somos tão burros por não aproveitarmos isso... Podes dizer que sou inconstante, eu aceito. Posso mudar de opinião amanhã, também é verdade, mas, hoje, deixa-me desfrutar da sensação de estar assim: leve, como uma pena de pássaro, voando para onde o vento me levar, com a certeza de que, só por isso, vale a pena existir.  

 

publicado por Inês Alves às 14:41
sinto-me: Feliz, apesar de tudo...
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