28 de Março de 2009

Não gosto da ideia de que representamos, diariamente, vários papéis. Somos um só rosto, mas a nossa personalidade é capaz de multiplicar-se infinitamente, dependendo das circunstâncias e oportunidades. Não gosto disto e recuso aceitar que seja apenas assim.  Recuso dar-me com quem vê o outro como um objecto para alcançar um determinado fim e não como o fim em si mesmo. Mais: recuso-me a ser assim. Não quero acreditar que à minha volta exista quem me fale ou sorria somente por interesse. Posso aceitar que aconteça - seria ingenuidade da minha parte dizer que não -, mas não quero que sejam essas as pessoas que venham a rodear-me no futuro. Não quero muitos - nem sempre tem a ver com quantidade - mas quero melhor. Muito melhor perto de mim.    

Todos os dias faço pelo menos uma escolha. E se evito escolher, continuo, ainda assim, a optar. Escolher não escolher é, por si só, uma escolha. A vida constrói-se segundo elas e todos os dias contam, embora nem sempre percebamos isso. Há muito tempo escolhi a verdade. Nessa altura, percebi que só aceitaria ter comigo quem fizesse a mesma opção que eu.  Há menos tempo ainda compreendi que a liberdade também era importante e que o sentido da vida não estava somente em casar e constituir família. Era preciso mais. Tinha, e tem, de haver mais.

O passo, o verdadeiro ou os pequeninos que a medo vamos dando, dá-lo-ei somente quando tiver certeza de que não existe mais ninguém onde me encontre e me perca, sem me cansar. Quando nenhum outro rosto me fizer estremecer e, por ele, tiver vontade de avançar. Quando não houver sorriso que me apaixone, olhar que me prenda ou voz que me acelere o coração. Quando nenhuma boca mais chamar o meu nome. 

Se estremecer, se me apetecer avançar, se me apaixonar por um sorriso, por um olhar, por uma voz, se houver boca que me chame e rosto que não consiga esquecer, se isto de facto acontecer, então é porque não existe sentido no passo e é preciso viver para perceber o significado do resto. Há quem opte por entregar-se para sempre (e em certos casos se arrependa) e há quem prefira, primeiro, sentir o suficiente. Mas nem sempre o suficiente decorre no período que traçámos de início. Às vezes, é preciso retomá-lo, acrescentando-lhe dias, meses, talvez anos. Na verdade, tratam-se apenas de escolhas. E, para mim, a importância não está tanto nelas, mas no tempo que levamos a compreender o quanto estamos errados.             

 

 

publicado por Inês Alves às 19:56
25 de Março de 2009

"Marley e eu" foi, sem dúvida, um dos melhores filmes que vi até hoje. Não por quaisquer aspectos técnicos, mas sim pela história. Uma história de ternura e amor cuja simplicidade me apaixonou. E acredito que apaixone qualquer um.

Ver este filme fez-me pensar na minha cadela e no quanto ela é importante para mim e para todos nós, cá em casa.

Recordei as vezes que, tal como o Marley, me recebe, eufórica, sempre que chego a casa. Pula de alegria, lambe-me até não poder mais e vai, sempre, buscar a almofada do sofá da sala. Depois, corre desenfreada com uma alegria como se não houvesse amanhã. Faz o mesmo sempre que me levanto. Quando não é ela que me acorda com um beijo languido, assim que vê a minha porta abrir-se corre feita louca e vai chamar a minha mãe. Acho que tenta dizer-lhe algo como "a dona já está levantada!". E vejo-lhe a felicidade naquele rosto canino de uma fila que todos dizem ser um terror (e é-o, no fundo) mas que, para mim, é uma ternura, uma fiel companheira de caminhadas, de passeios pela praia e, até, de belas sonecas. Sim, porque desde pequena que dorme comigo. E como é engraçado... sempre se deitou à mesma hora (por volta das 22h). Primeiro, deita-se no sofá (tem uma cama dela, mas é fina, não gosta). Depois, chega àquela hora e tenta chamar-nos (a mim ou à minha mãe). Se ninguém lhe liga vai para o quarto sozinha. Enrosca-se na minha cama e quando chego lá está ela a ocupá-la praticamente toda. Empurro-a e deito-me. Às vezes, chateia-me - principalmente quando estava com o Pedro e ela embirrava que tinha de deitar-se no meio de nós ou, melhor, em cima de nós (imagine-se, um "monstro" daqueles!) - mas normalmente gosto de tê-la ali ao pé de mim. Melhor: adoro. Adoro quando me rouba a pantufa e foge pela casa para que vá atrás dela buscá-la. Adoro, mesmo que no momento me irrite, que me esconda a lingirie (ou as meias) quando estou atrasada para sair. Adoro vê-la correr de felicidade quando chegamos ao Algarve. Quando sente o cheiro e vê a praia e percebe que vai poder dar mergulhos no mar, como sempre gostou, desde pequena. Adoro quando saio de casa e lhe digo "A dona vem já, porta-te bem" e ela estica as orelhas, arregala os olhos e, com a cabeça de lado, faz uma expressão de quem está a perceber a mensagem. Adora-a por tudo isto e tenho medo do dia em que tenha de me desabituar de todas estas rotinas que se foram criando. Tenho medo de não ter de ir passeá-la de manhã, na marginal, não ter de lhe dar o lanche que ela tanto adora (meia banana e um iogurte natural) e não poder levá-la comigo para onde me apetecer, sempre que não quiser estar sozinha e sempre que precisar segredar-lhe algo ao ouvido. Tenho medo do dia em que ela já não esteja presente porque, para além de adorá-la, aprendi com ela uma grande lição: a felicidade está nas coisas mais simples da vida.

 

 

publicado por Inês Alves às 14:24
24 de Março de 2009

Em a "Viagem do Elefante", o último livro de José Saramago, vem escrito: "Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam". Será verdade? Será que, em certo lugar, existe alguém à nossa espera, independentemente das voltas que possamos dar para lá chegar e do tempo que demoremos a fazê-lo? A ser verdade, acreditar nisso implicaria também acreditar que, por mais que tentemos enganar o destino, ele já está escrito e, portanto, é impossível mudá-lo. Que sensação de inutilidade me percorre agora as veias... Por que não posso eu controlar onde vou, com quem vou e porque vou? Talvez detenhamos connosco parte dessa escolha, mas é provável que não a possuamos por completo. E é tão estranho saber disso. Mas, pensemos bem, se assim não fosse, seria então a vida feita somente de acasos e coincidências sem verdadeiro significado? Dúvido. Sou daquelas pessoas que não acredita no acaso e que vê um sentido em (quase) tudo, por muito negativo que possa ser (nem sempre tem de ser bom). E dúvido duplamente quando, analisando a minha vida, percebo que sempre vou parar ao local de onde penso ter-me afastado. Melhor: de onde quis afastar-me. E se quis, por que não consegui fazê-lo? Querer é meio caminho andado para conseguir, sempre pensei. Mas... por que é que, irremediavelmente, retorno sempre ao ponto de onde parti e à história que, um dia, em consciência ou não, por desleixo ou aparente desinteresse, recusei? 

Oiço falar em tantos rostos que se encontram após anos de desencontro (lembro-me de dois casos contados pela minha irmã e que passaram na TV) e penso que terá de haver um significado, uma justificação para que assim seja. A vida está, provavelmente e com frequência, a enviar-nos mensagens que, no fim, acabamos por ouvir e reconhecer como nossas. Mas se não somos nós quem comanda o que connosco acontece, em quem devemos confiar o nosso futuro? Será melhor largá-lo ao acaso? E se o acaso não existe, quem, que coisa é essa que detém o poder do que vivemos? A ela, a ele, ao que for, quero perguntar-lhe, agora, neste preciso momento em que me divido em partes imprecisas: que rosto é esse que me espera e onde posso encontrá-lo?       

publicado por Inês Alves às 15:31
22 de Março de 2009

No dia em que vos fui buscar à estação, percebi quão bom e grandioso pode ser o ser humano. Estive quase uma hora no carro à vossa espera. Liguei para todos aqueles que consegui ligar só para passar o tempo e observei algo que me enterneceu. Nessa altura, tive a certeza que é com pequenos gestos que podemos mudar o mundo. E senão o mundo na sua totalidade, pelo menos o de cada um de nós que, na verdade, é tão grande para uma pessoa só.

Vi um cão, tão magro que me deu dó, receber festas de um dos seguranças da estação. Fiquei feliz. Percebi que não era a primeira vez que acontecia. Provavelmente, existia entre aqueles dois seres mais amizade do que entre muitas pessoas que se dizem amigas. O cão cheirava-lhe as mãos (que seguravam uma sandes), saltava-lhe para o peito e homem ia-lhe fazendo festas e brincando com ele. Continuava magro, mas a magreza nesse instante tornou-se para mim menos escandalosa, quase como se a ternura a que assisti pudesse pôr fim à imagem de completo abandono. E foi como tirar uma fotografia, que guardei comigo. Percebi que ainda há quem compreenda a importância dos pequenos gestos. Tive a sensação que ainda existe quem sinta necessidade de proteger os mais fracos, aqueles que não sabem como defender-se, ao invés de procurar derrubá-los ou, pior, fingir que não existem. Magoá-los como se de objectos se tratassem, feri-los com a indiferença. Ainda há quem perceba que vale a pena ajudar, porque cada pequena ajuda pode, de facto, ser muito grande para aqueles que ajudamos. 

 

publicado por Inês Alves às 17:59
21 de Março de 2009

Fernando Pessoa escreveu, um dia: "O poeta é um fingidor, finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente". E estava certo. Um poeta, um escritor, um amante das línguas escreve, muitas vezes, sob o comando da ilusão, ainda que seja sobre a realidade que pretenda falar. É uma ideia difícil de compreender para quem não compreende também as demandas daqueles cujas palavras comandam a vida, mas é a mais pura das verdades. Quando transcritas para o papel, as angústias de quem escreve duplicam-se e transformam-se em farpas que ferem quem as lê. Mas é precisamente esse o objectivo. Se assim não fosse, que sentido teria a escrita? Para ser apreciada e, por alguns, compreendida, ela tem necessariamente que magoar. É no pensamento que as palavras se formam e é nele que, enleando-se, ganham profundidade. No papel, adquirem um só sentido: despertar consciências. 

Mas, entenda-se bem: não é porque escrevo sobre amor que estou apaixonada, nem é porque escrevo sobre saudade que estou triste. Escrevo porque, no momento preciso em que teclo, sinto necessidade de fazer fluir as palavras que se amontoam no pensamento, independentemente do significado que possam ter e da intensidade com que se concretizem. A saudade não está assim tão próxima da tristeza, mas antes muito mais da alegria, porque só se sente saudade daquilo que foi realmente bom.

Por isso, que acabem os pensamentos de que só estamos felizes quando dizemos piadas. A felicidade é uma filosofia de vida. Conheço pessoas que sempre fizeram os outros rir mas que nunca foram capazes, elas próprias, de mostrar um sorriso verdadeiro. Eu posso escrever sobre a complexidade da vida - que é, de facto, algo que me inquieta (sou uma insatisfeita por natureza, que hei-de fazer?) - mas quem me conhece sabe que tenho, sempre, um sorriso no rosto e uma gargalhada pronta a dar. Falo pelos cotovelos, apesar de, no princípio, parecer calada. Sou feliz, à minha maneira, como todos somos. Não preciso de escrever sobre alegrias para provar isso. Assim, para os que pensam que escrever saudade é sinónimo de tristeza, o meu lamento por estarem tão profundamente errados. Saibam que falar sobre saudade é antes o melhor gesto de reconhecimento alguma vez visto.  

publicado por Inês Alves às 15:59

"Eu quero morrer de amor como os rios morrem no mar,

Eu quero o pranto das rosas nas bocas que desfolhei..."

 

Kátia Guerreiro, no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra: um concerto simplesmente espectacular.

publicado por Inês Alves às 02:31
20 de Março de 2009

Dizias no último mail que me mandaste que nada voltará a ser igual porque quero crescer com outras pessoas. Escreveste: "Os relacionamentos duram um certo tempo. Pertencem a um período do nosso passado ou presente. Somos felizes numa determinada época com uma determinada pessoa, mas não podemos forçar as coisas acontecerem quando elas, por si só, começam a perder importância".  Adoro-te por seres quem és e me compreenderes dessa maneira. Não sei se poderei dar-te razão, mas tenho pena por estares tão longe e não me poder entregar contigo ao prazer de devorar um gelado na Haagen-Dazs do Chiado, enquanto falamos de tudo, como sempre falámos.

Gostava de saber mais de ti. Queria poder sair à rua e estar na Oxford Street contigo, entrar naquele café onde estivemos todas as noites e sentar-me para beber um cappuccino. Ou vários. Falar da vida. Dizer-te o quanto sinto a falta dos teus conselhos. Ao vivo, não os que, delicadamente, com a tua paciência e generosidade, me envias por mail. Porque há coisas que, apesar de eternas, devem ser vividas no presente, e a nossa amizade é uma delas.

Será que já encontraste a tal? Tenho saudades tuas. Saudades de ouvir-te chamar-me à razão e eu a ti. Bem sei que sou muito mais realista que tu, mas por vezes também sonho. E iludo-me tanto, não sabes o quanto...! Crio fantasias na minha cabeça como tu crias os teus sonhos. O ritmo é o mesmo, só o contexto muda. E formam-se teias por perceber que nada faz sentido e está tudo errado. Não é possível. Será que existe algo verdadeiramente impossível na vida? Cheguei a pensar que não. Hoje, tenho quase a certeza que sim. Pensei que por desejar muito uma coisa ela se fosse concretizar. Tem acontecido, mas nunca no tempo certo, nunca dentro do timming. E como ele é importante!

Vá lá, conta-me novidades. Faz-me acreditar que ainda é possível, apesar de tudo. Leva-me para qualquer sítio onde possamos, por instantes, esquecer as nossas vidas (tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão iguais). Diz-me que vou conseguir porque quero. E dá-me a mão porque, hoje, não me apetece estar sozinha...

publicado por Inês Alves às 12:14
música: I don't know what i can save you from, Kings of Convenience
19 de Março de 2009

Escrevo porque me apetece. Se não me apetecesse, provavelmente deixaria de escrever. Entregar-me-ia a um qualquer prazer mundano ou deixar-me-ia cair, apática, no sofá. Escrevo porque há muito de que me recordo e há erros que lamento. Se me arrependo? Talvez, mas os arrependimentos dão-nos normalmente mais força para prosseguir noutro sentido, outro que não aquele para onde, erradamente, caminhávamos. Tantas vezes pensei guardar em mim todas as certezas. Tantas vezes te contrariei e de todas elas pensei saber exactamente o que estava certo, como se o bem e o mal pudessem, alguma vez, dispor-se em sentidos opostos na vida. Não podem e eu não sabia disso. Percebi há pouco tempo que nem sempre somos tão bons como gostaríamos, nem sempre conseguimos afastar-nos do mal, por muito que o desejemos. 

Tantas vezes me escusei de te dizer, a ti, o que realmente sentia. Tantas vezes fiquei calada quando devia ter falado, questionado, procurado saber. Tantas vezes parei quando devia ter corrido atrás. Em tantos momentos não olhei por medo, não disse por vergonha, não chamei por orgulho.  Mais do que uma vez, facilmente desisti sem sequer ter tentado de facto. E foram dias que se perderam, foram anos que ficaram por viver. Quem seria hoje se tivesse feito diferente? O que teria existido se não tivesse recusado? Queria poder pedir desculpa a quem, um dia, em consciência ou não, magoei. Poder dizer olá a todos os rostos que nunca cheguei a cumprimentar e pegar na mão de quem nunca me atrevi. Embora possa parecer, não vivo do passado, prefiro antes olhá-lo com carinho porque foi ele que permitiu ser hoje quem sou, construir-me, aos poucos, sem pressas nem tropeções. Sirvo-me dele para tentar ser melhor e fazer diferente a cada dia. Afinal, que sentido tem a vida se não for o de procurarmos o aperfeiçoamento? E isso não significa que tenhamos, necessariamente, que entrar em competições, significa antes que podemos ser mais humanos, mais verdadeiros. Ter menos medo das respostas e, ainda que um rubor inconveniente se apodere do nosso rosto, aproveitar a oportunidade, sempre única, para dizer: quero ver-te e saber o perfume a que cheiras.  

 

 

publicado por Inês Alves às 11:27
música: Chasing Pavements, Adele
18 de Março de 2009

Decidi criar este blog por um único motivo: ultimamente, as emoções querem saltar-me pela boca e eu não sei como controlá-las senão assim, escrevendo. Tento enfrentar a vida de cabeça erguida, mas tenho tantas dúvidas... Hoje, se não pensar no futuro e viver um dia de cada vez - algo que, aos poucos, vou aprendendo a fazer - posso dizer que tudo corre relativamente bem na minha vida. No entanto, tenho a sensação de que há algo que, lentamente, se vai quebrando. Qualquer coisa que falta e que, a existir ainda, deixou de fazer sentido. Perdeu-se algures no tempo. No que foi, não no que virá. E o mais triste é que não sei explicar exactamente porquê.  

Penso muitas vezes no que me disse, um dia, uma voz conhecida da RFM: "Às vezes, é preciso saber parar para depois recomeçar ainda com mais força". Quando me disse isto, não sabia (ou talvez soubesse) o quanto estava certo... Tenho tido vários momentos desses na minha vida, mas creio nunca ter efectivamente parado. Em todos eles, consegui sempre momentos de reflexão que me conduziram a uma paz interior fantástica. Em quase todos me obriguei a sair e a percorrer as praias sozinha. Muitas vezes me sentei num banco de jardim a ouvir um pássaro cantar ou o simples bater das folhas das árvores quando o vento, num misto de fúria e meiguice, as acariciava.  Tantas vezes estive sozinha comigo e todos esses momentos foram para mim eternos. Hoje, gravo-os na memória quase como se de pequenos renascimentos meus se tratassem. E o engraçado foi que precisei deles. Tenho a certeza que todos nós precisamos um dia.

Agora, cá estou eu, em mais um momento a sós, fazendo quase uma retrospectiva do que tem sido e é a minha vida. Tenho pena por nós, mas a verdade é que não consigo deixar de ser livre. E sinto a liberdade quase como um desejo abrupto de percorrer Km e de viver intensamente, ainda que devagar, com calma, lento o suficiente para não esquecer o cheiro, o sabor, a melodia do tempo presente, que inevitavelmente será passado no instante seguinte. Sinto a tua falta, ainda assim. Tenho a certeza que existe um espaço teu, para sempre, aqui. Tenho a certeza que seremos nós durante muito tempo. Talvez para sempre. Mas porquê ficar, quando queremos partir? Porquê dizer sim quando nos apetece dizer não? Recordo as palavras de uma amiga minha, numa conversa que tivemos há bem pouco tempo: "Nós vamos e voltamos e eles estão sempre lá". É verdade. No entanto, não lhe peço que esteja. Não sei se volto. Preciso sentir as coisas. Quero acordar de manhã e ter a certeza de que o dia que começa será bem melhor que o anterior pelo simples facto de que desconheço o que está para vir. Na vida, cada segundo importa. Cada cara com que nos cruzamos tem um significado e cada palavra que trocamos um sentido. Nada acontece por acaso. As oportunidades existem, estão lá. A vida lança-nos a escada diariamente e nós somos tão burros por não aproveitarmos isso... Podes dizer que sou inconstante, eu aceito. Posso mudar de opinião amanhã, também é verdade, mas, hoje, deixa-me desfrutar da sensação de estar assim: leve, como uma pena de pássaro, voando para onde o vento me levar, com a certeza de que, só por isso, vale a pena existir.  

 

publicado por Inês Alves às 14:41
sinto-me: Feliz, apesar de tudo...
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